Ler o artigo da atologia p. 177-183, Uricchi, "The Batman's Gothic City" - comentar em relação com representações (ou relativa ausência delas) do sub/mundo urbano em The Killing Joke de Alan Moore.
In William’s Uricchio article “The Batman’s Gotham City”, Gotham City is described as a place that “seems ideologically skewed (...) a place of property crime” and as “a generic urban backdrop against which grandiose rhetorical flourishes compel spectacular scenes of confrontation”. And that’s exactly what happens during Alan Moore’s The Killing Joke: the confrontation of two entirely different characters; opposite morals, pasts, values, and ideas, but that are mirror images of each other, both having “having generative origin stories, obsessions” - although we may like to think that Batman is the noble protector of Gotham - a true analysis of him would reveal him to be an obsessive, compulsive man who’s unable to accept the death of his parents and dresses up like bat, almost creating his own villains, in order to cope with it. As different as the Joker and Batman are, both their desires of revenge and past traumas are “central to the character's brand of justice”.
Gotham City is also “a generator of social inequities such as poverty, poor living conditions (the Joker’s past timeline, where he talks to his wife about his struggles in finding a job and not being able to support her and their future baby financially, and that their house “stinks of cat litter and old people”), corruption (the robbing scene), absence of opportunity" (the Joker quitting his job as a lab assistant to become a comedian, but his “talents” still weren’t enough), being a reflection of the concerns of today’s society (“when the world is full of care and every headline screams despair, when all is rape, starvation, war and life is vile").
The comics’ design also display Gotham City’s “associations of darkness, silence and surprise": the colors of some panels are dark and somber, the use of shadows to cover Joker’s face (especially his eyes) and the use of “extreme angles” to emphasize his appearance, the big confrontation being placed at night in an isolated park, the raining scene at the end, and lastly but not less important: the open ending, a surprise to the readers that are left wondering if that was actually Joker’s final moment, depending on how each individual views the story.
Em ‘’The Batman’s Gotham City: Story, Ideology, Performance’’ de William Uricchio, o espaço urbano da cidade de Gotham é retratado como ‘’darkly-lit’’, ’’crime-ridden’’, ‘’ideologically skewed’’ e ‘’a place of property crime’’. No entanto, William Uricchio diz que existe uma recusa em analisar a cidade como um sistema que gera desigualdades que levam a um desespero enorme, levando muitas pessoas a cometerem esses mesmos crimes.
‘’The Killing Joke’’ oferece um pequeno ‘’insight’’ da história pessoal do vilão. Temos aqui uma representação de desigualdade económica e de oportunidade enorme entre Bruce e Joker. Joker por mais que tente não consegue alcançar um nível financeiro estável que lhe permita sair das zonas mais problemáticas da cidade. Isto leva-o a um ponto de desespero tal que ele cai na tentação de cometer um crime de modo a tomar conta da sua família. É de notar que todos os outros gangsters e criminosos que aparecem na história não são representados da mesma forma. Há na história de Joker uma tentativa de criar empatia por parte do leitor. Há uma representação da sociedade como louca, injusta, criminosa e em que nada faz sentido. Joker diz que o único remédio é ‘’madness’’ descrevendo-a como ‘’an emergency exit’’ (p.28), que liberta as pessoas das convenções sociais e da sociedade deturpada que é vista como uma fonte de dor e sofrimento inevitável.
Durante todo o livro, a cidade e os seus edifícios são representados com cores escuras, as caras das personagens - nomeadamente o Batman e o Joker - encontram-se sempre envoltas em sombras havendo um ênfase ao brilho dos olhos, há um grande uso das sombras como figuras das personagens e os criminosos usam gabardinas e chapéus (técnicas muito usadas em film noir). A maior parte das cenas acontecem há noite, e mesmo nas poucas cenas diurnas está a chover. Há sempre uma atmosfera ominosa.
A banda desenhada The Killing Joke, de Allan Moore e Brian Boland, retrata na perfeição o submundo urbano de Gotham de que Uricchi escreve em "The Batman's Gothic City". Uricchi descreve Gotham como “s distillation of everything that is dark, moody and frightening about New York. It’s Hell’s Kitchen. The Lower East Side…”, e é exatamente este lado obscuro das cidades que observamos nesta banda desenhada. Gotham “is populated (…) by nameless crime bosses, thugs, and petty criminals”, um bom exemplo disto está representado nos criminosos que recrutam joker, quando este tinha uma vida “normal” e não era o rei do crime, para os ajudar a assaltar a fábrica onde este tivera trabalhado. Joker acaba por aceitar pois precisa de dinheiro para sustentar a família, sendo que este ao seguir o seu sonho de cómico não está a ser reconhecido – “I have to go and stand up there and nobody laughs”. Esta é uma cidade de pobreza, de más condições de vida, de injustiça social, corrupção e falta de oportunidades, levando pessoas a fazerem coisas inexplicáveis para sobreviverem e até mesmo à loucura, que segundo Joker é a única forma de sobreviver neste mundo cruel e irracional. Gotham é uma cidade obscura e suja, com vários sítios a decair, como “a dystopian nightmare”. Como está ilustrado em The Killing joke, os edifícios são reduzidos a silhuetas obscuras e as ruas parecem abandonadas. A maioria da ação acontece durante a noite ou em ambientes chuvosos. A personagem do Joker é ilustrado com muitas sombras, principalmente nos olhos, mesmo quando este estava no seu “estado normal”, talvez para dar indícios do que lhe iria acontecer ou para mostrar que a loucura sempre esteve dentro dele, e também com ângulos estranhos, que causam algum desconforto e realçam o seu ar macabro. Batman, por outro lado é ilustrado com ângulos de baixo para cima, realçando a sua superioridade e controlo sobre Gotham.
In the comic book The Killing Joke, we see a perfect representation of the urban world in Gotham as described by Uricchi’s "The Batman's Gotham City".
Urucchi describes Gotham’s streets as “darkly lit” and “crime-ridden” which we can immediately see in the comic: in a flashback telling Joker’s origin story, we see possibly a mob group hiring the man to perform some sort of crime. Throughout the sequences we can see more crime, committed by Joker and his helpers.
This “darkly-lit” atmosphere can be felt from the first page of the comic to the last: the Arkham asylum is falling apart inside and out. Buildings are ruined and everything seems to be chased by heavy shadows. This works in a way that we as readers can only associate negative aspects to the city.
Another thing I would like to point out is the inequality lived by the citizens of Gotham compared to Batman that is supposed to be their hero that saves the dangerous nights of Gotham. In the part when Batman is at home researching Joker we can see the type of lascivious life he lives, even having Alfred, his butler, with him at all times; when comparing to the flashback we have of Joker’s previous life, we can see that his comedian career was not being successful causing him and his family financial trouble, especially because him and his wife, were expecting a child, thus this is the event that leads the character to accept the mob group offer and, after all the events that went wrong that night, becomes what we now know as The Joker. Uricchi explains this inequality by saying that even though by day Bruce Wayne cannot change these “conditions”, even with the charities held by Wayne Foundation’s, by night he can fight crime and make Gotham a cleaner place, but “his proportional wealth might be seen as symptomatic of the problem of inequitable wealth distribution, a point underscored by his day job as a playboy”
To sum up, "The Batman's Gotham City” describes the city of Gotham perfectly as seen in The Killing Joke by Alan Moore, capturing its essence into words.
Gotham apesar de ficcional, é facilmente distinguível de muitas outras cidades, pelas suas fortes características. Tal como os seus habitantes multidimensionais, Gotham tem um lado obscuro e precário que contrasta com o lado próspero da cidade. Em “The Batman’s Gotham City: Story, Ideology, Performance” William Uricchio descreve a cidade de Gotham como “an emphatically American inner city”, comparando-a uma Nova York noturna, caracterizada pelo seu estilo de Arte Deco, Noir, e “silhouettes of darkened sky scrapers, urban canyons and lonely streets”. No entanto a parte mais interessante do texto é a descrição de Gotham como muito mais que uma cidade, como um agente das ações dos seus habitantes. Na banda desenhada “The Killing Joke” vemos como a violência e criminalidade da cidade afeta diferentes personagens. A personagem de Batman, é em si o resultado do assassinato dos seus pais, um acontecimento que marcou Bruce e que o fez jurar “Uncritical Empathy” (como descrito no texto de Uricchio). No entanto, exploramos nesta banda desenhada, não a complexa personagem de Batman, mas um lado nunca visto da personagem de Joker, o seu arqui-inimigo. Vemos o seu passado como um cidadão normal, cujas dificuldades financeiras e vida pessoal, juntamente com a trágica morte da sua mulher e filho, o levaram a agir de uma maneira descuidada, mesmo que por vezes de forma bem-intencionada. Ele repete constantemente “All it takes is one bad day to reduce the sanest man alive to lunacy. That's how far the world is from where I am. Just one bad day.”, pois acredita que nenhuma pessoa aguentaria a pressão que ele aguentou naquele dia. Batman é um símbolo de esperança e um herói, precisamente porque como leitores, sabemos as dificuldades porque este passou ao longo da vida, mesmo tendo nascido na riqueza. Também ele foi exposto à dura realidade da criminalidade e frieza da cidade de Gotham, mas tomou a decisão de não ceder às pressões da mesma. Concluindo, Gotham não é apenas uma cidade nestas bandas desenhadas, mas um lugar de eventos, um lugar familiar, simultaneamente definido e que define os seus habitantes.
In William’s Uricchio article “The Batman’s Gotham City”, Gotham City is described as a place that “seems ideologically skewed (...) a place of property crime” and as “a generic urban backdrop against which grandiose rhetorical flourishes compel spectacular scenes of confrontation”. And that’s exactly what happens during Alan Moore’s The Killing Joke: the confrontation of two entirely different characters; opposite morals, pasts, values, and ideas, but that are mirror images of each other, both having “having generative origin stories, obsessions” - although we may like to think that Batman is the noble protector of Gotham - a true analysis of him would reveal him to be an obsessive, compulsive man who’s unable to accept the death of his parents and dresses up like bat, almost creating his own villains, in order to cope with it. As different as the Joker and Batman are, both their desires of revenge and past traumas are “central to the character's brand of justice”.
ResponderEliminarGotham City is also “a generator of social inequities such as poverty, poor living conditions (the Joker’s past timeline, where he talks to his wife about his struggles in finding a job and not being able to support her and their future baby financially, and that their house “stinks of cat litter and old people”), corruption (the robbing scene), absence of opportunity" (the Joker quitting his job as a lab assistant to become a comedian, but his “talents” still weren’t enough), being a reflection of the concerns of today’s society (“when the world is full of care and every headline screams despair, when all is rape, starvation, war and life is vile").
The comics’ design also display Gotham City’s “associations of darkness, silence and surprise": the colors of some panels are dark and somber, the use of shadows to cover Joker’s face (especially his eyes) and the use of “extreme angles” to emphasize his appearance, the big confrontation being placed at night in an isolated park, the raining scene at the end, and lastly but not less important: the open ending, a surprise to the readers that are left wondering if that was actually Joker’s final moment, depending on how each individual views the story.
Em ‘’The Batman’s Gotham City: Story, Ideology, Performance’’ de William Uricchio, o espaço urbano da cidade de Gotham é retratado como ‘’darkly-lit’’, ’’crime-ridden’’, ‘’ideologically skewed’’ e ‘’a place of property crime’’. No entanto, William Uricchio diz que existe uma recusa em analisar a cidade como um sistema que gera desigualdades que levam a um desespero enorme, levando muitas pessoas a cometerem esses mesmos crimes.
ResponderEliminar‘’The Killing Joke’’ oferece um pequeno ‘’insight’’ da história pessoal do vilão. Temos aqui uma representação de desigualdade económica e de oportunidade enorme entre Bruce e Joker. Joker por mais que tente não consegue alcançar um nível financeiro estável que lhe permita sair das zonas mais problemáticas da cidade. Isto leva-o a um ponto de desespero tal que ele cai na tentação de cometer um crime de modo a tomar conta da sua família. É de notar que todos os outros gangsters e criminosos que aparecem na história não são representados da mesma forma. Há na história de Joker uma tentativa de criar empatia por parte do leitor. Há uma representação da sociedade como louca, injusta, criminosa e em que nada faz sentido. Joker diz que o único remédio é ‘’madness’’ descrevendo-a como ‘’an emergency exit’’ (p.28), que liberta as pessoas das convenções sociais e da sociedade deturpada que é vista como uma fonte de dor e sofrimento inevitável.
Durante todo o livro, a cidade e os seus edifícios são representados com cores escuras, as caras das personagens - nomeadamente o Batman e o Joker - encontram-se sempre envoltas em sombras havendo um ênfase ao brilho dos olhos, há um grande uso das sombras como figuras das personagens e os criminosos usam gabardinas e chapéus (técnicas muito usadas em film noir). A maior parte das cenas acontecem há noite, e mesmo nas poucas cenas diurnas está a chover. Há sempre uma atmosfera ominosa.
A banda desenhada The Killing Joke, de Allan Moore e Brian Boland, retrata na perfeição o submundo urbano de Gotham de que Uricchi escreve em "The Batman's Gothic City". Uricchi descreve Gotham como “s distillation of everything that is dark, moody and frightening about New York. It’s Hell’s Kitchen. The Lower East Side…”, e é exatamente este lado obscuro das cidades que observamos nesta banda desenhada.
ResponderEliminarGotham “is populated (…) by nameless crime bosses, thugs, and petty criminals”, um bom exemplo disto está representado nos criminosos que recrutam joker, quando este tinha uma vida “normal” e não era o rei do crime, para os ajudar a assaltar a fábrica onde este tivera trabalhado. Joker acaba por aceitar pois precisa de dinheiro para sustentar a família, sendo que este ao seguir o seu sonho de cómico não está a ser reconhecido – “I have to go and stand up there and nobody laughs”. Esta é uma cidade de pobreza, de más condições de vida, de injustiça social, corrupção e falta de oportunidades, levando pessoas a fazerem coisas inexplicáveis para sobreviverem e até mesmo à loucura, que segundo Joker é a única forma de sobreviver neste mundo cruel e irracional.
Gotham é uma cidade obscura e suja, com vários sítios a decair, como “a dystopian nightmare”. Como está ilustrado em The Killing joke, os edifícios são reduzidos a silhuetas obscuras e as ruas parecem abandonadas. A maioria da ação acontece durante a noite ou em ambientes chuvosos. A personagem do Joker é ilustrado com muitas sombras, principalmente nos olhos, mesmo quando este estava no seu “estado normal”, talvez para dar indícios do que lhe iria acontecer ou para mostrar que a loucura sempre esteve dentro dele, e também com ângulos estranhos, que causam algum desconforto e realçam o seu ar macabro. Batman, por outro lado é ilustrado com ângulos de baixo para cima, realçando a sua superioridade e controlo sobre Gotham.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarIn the comic book The Killing Joke, we see a perfect representation of the urban world in Gotham as described by Uricchi’s "The Batman's Gotham City".
ResponderEliminarUrucchi describes Gotham’s streets as “darkly lit” and “crime-ridden” which we can immediately see in the comic: in a flashback telling Joker’s origin story, we see possibly a mob group hiring the man to perform some sort of crime. Throughout the sequences we can see more crime, committed by Joker and his helpers.
This “darkly-lit” atmosphere can be felt from the first page of the comic to the last: the Arkham asylum is falling apart inside and out. Buildings are ruined and everything seems to be chased by heavy shadows. This works in a way that we as readers can only associate negative aspects to the city.
Another thing I would like to point out is the inequality lived by the citizens of Gotham compared to Batman that is supposed to be their hero that saves the dangerous nights of Gotham. In the part when Batman is at home researching Joker we can see the type of lascivious life he lives, even having Alfred, his butler, with him at all times; when comparing to the flashback we have of Joker’s previous life, we can see that his comedian career was not being successful causing him and his family financial trouble, especially because him and his wife, were expecting a child, thus this is the event that leads the character to accept the mob group offer and, after all the events that went wrong that night, becomes what we now know as The Joker. Uricchi explains this inequality by saying that even though by day Bruce Wayne cannot change these “conditions”, even with the charities held by Wayne Foundation’s, by night he can fight crime and make Gotham a cleaner place, but “his proportional wealth might be seen as symptomatic of the problem of inequitable wealth distribution, a point underscored by his day job as a playboy”
To sum up, "The Batman's Gotham City” describes the city of Gotham perfectly as seen in The Killing Joke by Alan Moore, capturing its essence into words.
Ana Bárbara Saraiva
Gotham apesar de ficcional, é facilmente distinguível de muitas outras cidades, pelas suas fortes características. Tal como os seus habitantes multidimensionais, Gotham tem um lado obscuro e precário que contrasta com o lado próspero da cidade. Em “The Batman’s Gotham City: Story, Ideology, Performance” William Uricchio descreve a cidade de Gotham como “an emphatically American inner city”, comparando-a uma Nova York noturna, caracterizada pelo seu estilo de Arte Deco, Noir, e “silhouettes of darkened sky scrapers, urban canyons and lonely streets”. No entanto a parte mais interessante do texto é a descrição de Gotham como muito mais que uma cidade, como um agente das ações dos seus habitantes. Na banda desenhada “The Killing Joke” vemos como a violência e criminalidade da cidade afeta diferentes personagens. A personagem de Batman, é em si o resultado do assassinato dos seus pais, um acontecimento que marcou Bruce e que o fez jurar “Uncritical Empathy” (como descrito no texto de Uricchio). No entanto, exploramos nesta banda desenhada, não a complexa personagem de Batman, mas um lado nunca visto da personagem de Joker, o seu arqui-inimigo. Vemos o seu passado como um cidadão normal, cujas dificuldades financeiras e vida pessoal, juntamente com a trágica morte da sua mulher e filho, o levaram a agir de uma maneira descuidada, mesmo que por vezes de forma bem-intencionada. Ele repete constantemente “All it takes is one bad day to reduce the sanest man alive to lunacy. That's how far the world is from where I am. Just one bad day.”, pois acredita que nenhuma pessoa aguentaria a pressão que ele aguentou naquele dia. Batman é um símbolo de esperança e um herói, precisamente porque como leitores, sabemos as dificuldades porque este passou ao longo da vida, mesmo tendo nascido na riqueza. Também ele foi exposto à dura realidade da criminalidade e frieza da cidade de Gotham, mas tomou a decisão de não ceder às pressões da mesma. Concluindo, Gotham não é apenas uma cidade nestas bandas desenhadas, mas um lugar de eventos, um lugar familiar, simultaneamente definido e que define os seus habitantes.
ResponderEliminarRita Santos