domingo, 15 de março de 2020

TPC 18-23 de Março

Ler os excertos de How to Read Donald Duck (142-159), escolher uma figura de Walt Disney que tenha sido da vossa preferência e procurar re-avaliá-la, usando (ou contestando) os pontos de crítica e desconstrução de Ariel Dorfman e Armand Mattelart.


3 comentários:

  1. On Ariel Dorfman’s and Armand Mattelart’s the book-length essay How to Read Donald Duck, there is one section in specific that talks about the role of female characters on the Disney universe (pg.152 – 155) - in particular, how women have “no chance of switching roles in the dominator-dominated relationship” with their male counterpart, by playing their roles to perfection and their “only power is the traditional one of seductress”. They are “perpetually and uselessly waiting around, or running after some masculine idol”, with their only reason of existing is to “become a sexual object, infinitely solicited and postponed”. As referred in the paper, we can take Daisy Duck as an example of this portrayal of female characters on Disney creations.
    Since her early appearances, Daisy is ultimately attracted to Donald Duck and devoted to him – with the male character being her main form of validation. This is most clearly seen in on of Disney’s cartoon, Donald's Dilemma (1947), as Daisy is almost to the point of taking her own life after Donald forgets about her. Despite this, she's shown to have Donald wrapped around her finger (“Man is afraid of this kind of woman (…) Since they can never fully possess them, they are in constant fear of losing them”), and whenever they fight or temporarily break up, she goes on dates with Donald's rival Gladstone Gander instead (the power of seductress).
    Daisy is considered a fashion-forward diva, enjoying fashion and shopping above all else, being well-bred and sophisticated when she wants to be (“courted beauty queen”, pg 152), and playing “feminine occupations” (florist, cosmetician, air hostess). In this realm, female Ducks, including Daisy, are flirtatiously worried about their beauty, yet strangely asexual (Daisy: “If you teach me to skate this afternoon, I will give you something you always wanted.” Donald: “You mean …?” Daisy: “Yes … my 1872 coin.”), infinitely postponed and perpetually in a “condition of solitude”, which they can “never recognize as such”.

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  2. A figura de Walt Disney que escolhi para re-avaliar é Sininho do filme Peter Pan (1953). No filme, Sininho é representada como objecto sexual, fada/‘’mulher’’ apaixonada e ciumenta e mentirosa, sendo o seu único papel o de ‘’sidekick’’ de Peter Pan sem ser nunca recompensada pela sua lealdade. Ela é apenas um meio para atingir um fim.

    Uma das primeiras coisas que Sininho faz no filme é apreciar o seu reflexo, onde percebe que as suas ancas são, supostamente, demasiado grandes, ideia imediatamente reforçada quando ela não consegue passar na fechadura de uma gaveta devido às suas ancas. Sininho é também desenhada com uma roupa que quase que não cobre o seu corpo. Há aqui um estereótipo do corpo feminino, mas também da representação de Sininho como um objecto sexual, que quase desculpa a sua personalidade ciumenta e invejosa, sendo mesmo destrutiva.

    Assim que conhece Wendy, Sininho imediatamente que não gosta dela. O filme mostra Sininho a mudar a sua luz de amarelo para vermelho, cor associada com inveja e raiva. Desde logo, é demonstrado o caráter negativo desta personagem. Ela vê Wendy como um perigo para a sua existência. As duas figuras femininas mais importantes estão competição, mesmo que uma delas não o consiga perceber. Sininho é sempre representada como ciumenta. Existem vários exemplos ao longo do filme que o demonstram, tais como, quando Wendy tenta dar um beijo ao Peter Pan e puxa-lhe o cabelo. Aliás, o capitão Gancho usa estas falhas de caracter de Sininho para a enganar e manipular, insinuando que Wendy roubou o seu lugar. Mas não é peter que deve ser culpado, mas a nova mulher que apareceu.

    Sininho tem que se salvar a si própria constantemente, mas não numa demonstração de poder feminino e independência, mas porque Peter Pan, seu suposto amigo, se esquece da sua existência - ela não tem ninguém do seu lado. Por exemplo, quando Sininho fica presa dentro da gaveta acima mencionada porque estava a ajudar Perter Pan, que se esquece completamente dela enquanto fala com Wendy.

    Sininho ultrapassa todos os limites inúmeras vezes, devido aos ciúmes que sente de Wendy, e nunca é responsabilizada. O que me leva a crer que a suas acções não são usadas para ensinarem seja o que for. Apenas que existe dois tipos de mulheres, a inocente, bondosa e maternal - Wendy -, e a mulher ciumenta, invejosa e sensual (porque ela tem que ter alguma qualidade nem que seja apenas física) - Sininho. Sininho é reduzida a agir como uma fada (por analogia uma mulher) ciumenta, desgostosa, cujas qualidades são físicas e corporais.

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  3. Tendo em conta o que é defendido por Ariel Dorfman e Armand Mattelart na sua obra How to Read Donald Duck (1972) irei re-avaliar do universo Disney, Marie do filme AristoCats (1970).
    Em primeiro lugar, é curioso ver que determinados estereótipos e questões de género são tão acentuados num filme que terá sido escrito em plena revolução sexual (década de 60) contudo, as personagens femininas que pertencem a esta história representam na perfeição o que é afirmado por Dorfman e Matterlat quanto ao gender role.
    Em primeiro lugar é conveniente ter em atenção alguns aspectos relevantes sobre esta personagem, Marie vive com a sua mãe e os seus dois dois irmão na casa de Madame Adelaide Bonfamille, uma senhora de idade sem filhos e solteira, à semelhança de tantas outras personagens do universo Disney tal como é referenciado em How to Read Donald Duck, que deixará toda a sua fortuna em testamento para a sua família de gatos (aqui uma vez mais a questão do dinheiro). Não há referencia a um pai neste núcleo familiar, o que acentua ainda mais a fragilidade da figura da mãe coquete, feminina e frágil especialmente quando a família se vê envolta no perigo até à chegada de Thomas O'Malley.
    A gata Marie, no fundo perpétua os comportamentos coquetes e indefesos da sua mãe tanto no seu discurso como na sua linguagem corporal (infantil contudo sedutora) ainda assim com uma noção menos inocente do poder sua feminilidade. Desatacaria o momento em que Duchess explica a Marie que "Damas não lutam!" ela contrapõe, respondendo “Ladies don’t start fights, but they can finish them!”. Marie é também fisicamente semelhante à figura materna e por sua vez Duchess tem traços físicos e psicológicos de Adelaide Bonfamille, ou seja, estamos perante um perpetuar destas características.
    O momento em que a família se vê afastada do conforto do seu lar face ao perigo e depara-se com a personagem do gato laranja Thomas O'Malley, surge alivio por parte de ambas as personagens femininas, Duchess e Marie, sentindo-se guiadas e protegidas, acentuando assim a sua necessidade de uma figura masculina no seu quotidiano. O momento que melhor representa esta vulnerabilidade e inocência de ambas é quando rumam até Paris e no caminho encontram-se com as gansas Abigail e Amelia (também elas representantes de um estilo próprio de feminilidade tonta, supérflua e com características tóxicas) que presumiram que Thomas tratava-se do chefe daquela família. Quando este é apresentado por Duchess como um amigo, ambas as gansas questionam as virtudes da gata e do próprio Thomas. Marie à distancia considera tudo muito romântico (uma dama indefesa, um gato vadio que protege a família, "How romantic!") é Thomas quem defende a honra de Duchess, uma vez que esta não se apercebe do comportamento tóxico de Abigail e Amelia.
    Marie, com os seu lacinhos rosa e os seus gestos de coquete e frases superficiais representa perfeitamente o que era expectável de uma menina. Ver a mãe como um exemplo e seguir, saber qual é o seu lugar na sociedade não só quanto à sua origem mas também quanto ao seu género e por fim saber tirar proveito da sua feminilidade e fragilidade.

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