Apesar não ter muito interesse nem conhecimento prévios às
apresentações das aulas, relativamente ao mundo da banda desenhada, os últimos
dois convidados que recebemos não me deixaram indiferente a este campo. De
facto, a apresentação de Rui Zink, no dia sete de dezembro, foi das minhas
preferidas.
Começando com uma introdução ao mito, que não é senão uma
narrativa que procura explicações para inquietações do imaginário coletivo, e
dando exemplos de alguns, Don Juan, Don Quixote, etc., Zink faz um
paralelismo entre esses, incluindo Batman, e a nossa realidade.
Os mitos são narrativas que correspondem aos pedidos das
pessoas, sofrendo variações ao longo do tempo, e que “morrem” quando já não são
necessários. Por exemplo, o mito de Dom Sebastião foi criado e é invocado até
aos dias de hoje, devido ao clima de crise e instabilidade sentidos.
Há diversas semelhanças entre mitos e histórias de autores
diferentes, as religiões que por vezes parecem opostas são exemplo disso. A
razão para tais semelhanças é o facto de todos estarmos submetidos às mesmas
condições de tempo (“deuses do tempo”).
Batman é um mito moderno depois de Don Juan e Don Quixote
(mitos da modernidade). Estes mitos muitas vezes derivam uns dos outros, o
super-herói da obra em estudo nas nossas aulas pode facilmente ser identificado
não só com Don Juan, um perturbador, mas também com Zorro, um mascarado que
luta contra o mal sem quaisquer superpoderes.
Bruce Wayne põe a máscara de morcego e torna-se Batman,
ganha poder animal. Ele aplica uma inversão do medo, põe a máscara do medo para
deixar de ter medo.
Segundo Rui Zink, podemos dividir Batman temporalmente em
três instâncias.
1.
Criação do super-herói por Bob
Kane, em 1939
2.
Publicação de The Dark Knight Returns, de Frank Miller, em 1986. Miller reavivou
o mito de Batman com novas variações, tal como o Batman enquanto homem mais
velho, permitindo uma identificação com uma faixa etária mais velha.
3.
Publicação de Killig Joke, de Alan Moore, em 1988.
Os inimigos do protagonista contribuem diretamente para a
sua progressão enquanto personagem, logo são de extrema importância - “A man is
only as good as his foes”. Alguns desses inimigos são Joker (1940), Cat Woman
(1940), Clayface (1940), Penguin (1941), Scarecrow (1941), Two Face (1942),
Riddler (1948), Mad Hatter (1948), Poison Ivy (1966), R’as Al Ghul (1971),
Killer Croc (1983), Bane (1993) e Harley Quinn (1993). Entre eles, Bane e
Harley Quinn fazem parte da era pós Frank Miller, e Joker e Cat Woman são
considerados os inimigos mais importantes, melhores personagens.
Por último, outro aspeto que também gostei imenso foi a
referência às adaptações cinematográficas mais recentes, particularmente a
discussão sobre a cena do interrogatório ao Joker, do The Dark Knight (2008), de Christopher Nolan. Nela é óbvia a
importância deste vilão, uma vez que ele é a cara-metade de Batman, eles
necessitam um do outro.
Foi uma aula deveras interessante, onde foram abordados temas sobre os quais nunca teria pensado. Por exemplo, a comparação entre o Batman e Don Juan e Zorro sob o contexto do mito: essa é uma comparação que achei muito interessante mas que nunca me ocorreria.
ResponderEliminarPessoalmente, também achei interessante, após o visionamento da cena de interrogatório entre Joker e Batman, os vídeos que o convidado nos mostrou onde aparece a figura de Joker.
Patrícia Silva, nº41166