quarta-feira, 13 de março de 2019

Watchmen: Homework for March 18

Answer either of these questions:

1. In what ways does the opening sequence of Watchmen (cover to p. 6) treat the theme of vigilance / observation, and in what ways does it relate to the detective/crime plot?

2. Comment on one of these characters and on the dark versions of superheroes/ mythological characters they present:





3 comentários:

  1. 2. Comment on one of these characters and on the dark versions of superheroes/ mythological characters they present:

    Rorschach – Never compromise.

    Quem é Rorschach? Pergunta-se o psiquiatra no livro. O mundo a preto e branco de Rorschach, tal como a sua máscara, é dividido em mau e pior. A única coisa que lhe interessa são os seus princípios e é por eles que morre no fim. Não ajuda necessariamente os inocentes, o que quer é castigar os pecadores. Os heróis metem os criminosos na cadeia, mas Rorschach queima-os vivos. Does that answer your question, Doctor?

    Walter Kovacs é um produto da sociedade. Este é o diagnóstico do seu psiquiatra: “(…) continual contact with society’s grim elements has shaped him into something grimmer, something even worse” (p. 16, cap. VI). O mesmo que o considera fascinantemente feio. Mas para Rorschach a sua verdadeira cara é a sua máscara. Esta máscara não é inexpressiva e tem particularidades muito interessantes para o leitor: as formas que os borrões de tinta nela vão assumindo transmitem uma interpretação do mundo de Rorschach e ecoam momentos da narrativa. Por exemplo, o mesmo desenho aparece quando Rorschach profere a sua máxima “Never compromisse” (p. 24, cap. I e p. 20 cap. XXII); e a sombra na parede, no momento do beijo de Nite Owl e Silk Spectre, é refletida nela (p. 23 cap. XXII). Rorschach, mesmo sem máscara nunca perde a sua máscara e é o poder desta que lhe transmite a lucidez: “Existence is random. Has no pattern save what we imagine after staring at it for too long. No meaning save what we choose to impose” (p. 26, cap. VI).
    Então, as máscaras têm um certo poder (tal como disse Oscar Wilde, “give man a mask, and he will tell you the truth” e Alan Moore em V for Vendetta, “Beneath this mask there is more than flesh... beneath this mask there is an idea... and ideas are bulletproof”), e este poder é paradoxal: por uma lado escondem uma identidade, mas por outro revelam outra. Isto vê-se bem no binómio Batman/Bruce Waine, mas também (e talvez ainda melhor ) em Rorshach/Walter Kovacs. Se olharmos para a origem das máscaras vemos que estas eram usadas em rituais religiosos para dar um sentimento de transformação sobrenatural na mente de quem a usa, mas também no teatro onde a transformação se dá na mente do espectador. Em Watchmen, Walter Kovacs encontra uma nova identidade com um vestido que transforma emmáscara e esta máscara, durante a acção, representa uma transformação aos olhos do leitor. Walter Kovacs transforma-se num vigilante. Ao usar a máscara, esta personagem maniqueísta revoltada com a sociedade, pode transformar a suar raiva em violência, através de actos eticamente duvidosos, destruindo aquilo que considera mau. Mas não estão todas as personagens de Watchmen sujeitas a esta luta moral interna entre bom e mau? A ausência de um Super Vilão (ou mesmo de um vilão) em Watchmen transportam a luta entre bem e mal para o interior de cada personagem e é isto que torna estas personagens tão profundas e tão ricas em significados e símbolos. Rorschach é claramente um Batman desconstruído e esta ideia ganha ainda mais forma se juntarmos à raiva e ambiguidade ética de Rorschach as engenhocas e o dinheiro, bem como (e mais importante) o maior acerto moral de Nite Owl, que tempera a violência de Rorschach. Os dois juntos são Batman a lutar contra si próprio: o desejo de vingança vs a máxima “não matarás”.

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  2. (cont.)
    Moore, através da (des)construção de personagens critica todo o género de super-heróis e o mito a ele associado. Um dicionário diz-nos que mito é um conto tradicional que explica um fenómeno natural ou social e que normalmente envolve seres ou acontecimentos sobrenaturais. Mas de acordo com Barthes, o mito é um tipo de discurso, ou seja, não é apenas um género de histórias, mas sim uma intenção, ou uma mensagem e por isso representa uma ideologia, um conjunto de valores e uma visão do mundo de quem o conta. As personagens em Watchmen (assim como todos os super-heróis) tornam-se então mitos pois transmitem uma ideia sobre o mundo no que diz respeito a liberdade, moralidade, valores e direitos na sociedade, etc. e Moore, em Watchmen, vai destruir o mito do super-herói para criticar a habitual mensagem passada pelas narrativas deste género. No caso de Rorschach, o leitor é confrontado com a máxima “never compromisse”, portanto com uma ideia de honestidade nesta personagem, mas ao mesmo tempo com os meios que Rorschach utiliza para alcançar os seus fins, além da sua ideologia a roçar o fascismo.
    Os livros de super-heróis escondem por trás do mito do super-herói uma visão do mundo, uma ideologia e um conjunto de valores, que impregnam a sua narrativa e transmitem mensagens secretas. Isto é facilmente verificado no Capitão América e o pós Guerra (Captain America vs The Winter Soldier); Outros exemplos como Superman ou Silver Sulfer que vêm para a Terra para a proteger (o mito messiânico está sempre presente), ou mesmo Batman, que apesar de não ter poderes, tem uma fortuna e uma estrutura moral intocável e quando assim é, tudo é possível, tal como o sonho americano.

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  3. (cont.)
    A ideia central de Moore é Watchmen funcionar como um obituário para o conceito de heróis em geral e de super-heróis em particular, isto é, Moore escreveu Watchmen porque não acredita em heróis. Para Moore um herói é alguém que é colocado num pedestal acima da humanidade e, segundo o próprio, acreditar em heróis na vida real é empoderar pessoas que acham que os interesses da sociedade são coniventes com a sua própria ideologia politica (B. Wright, Comic Book Nation,p.272). Se olharmos bem, todos os super-heróis de Watchmen, apesar de terem (ou não) boas intenções, roçam ideologias perigosas, tendências fascistas ou ideias moralistas baseadas em delírios paranóicos. Neste plano, Rorschach assume um papel singular pois não exisitia até Watchmen nenhum "herói" que despertasse sentimentos tão ambivalentes e não deixa de ser inquietante que esta personagem, seja hoje tão adorada pelo movimento alt-righ (https://twitter.com/TulipFolly/status/625425436063989760), que a adoptou como seu avatar. Este super-herói absurdamente violento é mal interpretado por homens brancos (tal como Snyder e Ted Cruz) que não entenderam a verdadeira mensagem que Moore pretende passar com Watchmen. Algo que foi feito para chamar a atenção para o perigo que advém do excesso de poder concentrado nas mãos de homens brancos americanos nos anos 80, tornou-se num símbolo moralista e patriótico nos EUA de hoje.
    Rorschach é uma personagem ambígua. Podemos ver o que quisermos nele: assassino, monstro, fascista, paranoico, anarquista, herói, moralista, homem de princípios, fanático, truth-teller, etc. Tal como o seu nome, as suas acções são um teste para nós, leitores, avaliarmos as nossas posições neste mundo e, não haverá momento melhor para o fazer, nesta guerra económica do séc. XXI com Trump à cabeça, Putin e Xi Jinping do outro lado e um mundo em constantes crises humanitárias, ecológicas e económicas, que são mais uma prova da intemporalidade de Watchmen que terá em breve outra adaptação, desta vez para TV por D.Lindelof.

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